segunda-feira, 21 de junho de 2021

MUDAR É A NOVA ORDEM






Bem vindo à todos.

Os conteúdos aqui reunidos vem sendo aplicados em diversos ambientes de aprendizagem pelos quais passamos no ensino superior, em diversas áreas;  no ensino básico, em escolas públicas de ensino fundamental e médio; e também escolas de aprendizagem profissional para jovens que ingressam no mercado de trabalho. 

Em todos esses espaços identificamos a necessidade de conhecimentos que levasse á reflexão, conforto e transformação pessoal em relação às mudanças em curso em todos os segmentos. 

A insegurança e o  sofrimento psíquico tem sido a principal marca desse processo histórico, por meio de distúrbios emocionais - sobretudo nos jovens- como a ansiedade ou então a falta de perspectiva diante dessas mudanças provocadas pela tecnologia e inquietações sociais. 
 
A transição do século XX para o século XXI vem sendo marcada pela rápidas mudanças em todos os segmentos da sociedade. Observa-se também que todas essas mudanças têm uma origem na própria natureza e na relação que temos com as coisas, seja como visão de mundo, seja como conduta e hábitos.  Elas se aceleram a cada dia e o intervalo entre elas fica cada vez mais curto, nos desafiando a aprender a conviver com as mesmas como se fosse uma rotina sem volta. 

Enfrentamento e adaptação são as novas palavras de ordem. 

Temos que conviver com a incerteza e tirar disso todas as lições que pudermos para dar continuidade às nossas existências. 

Este é o propósito dos ensaios, reflexões e atividades experimentais contidas nesse manual divido em  DEZ PROPOSTAS ou Pontos de Mutação.


INTRODUÇÃO

O MUNDO QUE NOS ESPERA. 

FOTUKO, HIKIKOMORI, SINAIS DAS CRISES.

 EDUCAÇÃO E SAÚDE MENTAL

PERCURSO DE MUDANÇA

 

DEZ PROPOSTAS DE MUDANÇAS

PRIMEIRA

AS PROVAS DAS MUDANÇAS – O que mudou e o que vai mudar.

SEGUNDA

OS CENÁRIOS DAS TRANSFORMAÇÕES – Para onde vamos?

OS SOFRIMENTOS DAS MUDANÇAS- A angustiosa mudança de rumos. A educação não deveria mudar também?

TERCEIRA

APRENDER COMO SE APRENDE- Mudar como se muda. Ler as mudanças.

QUARTA

CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO - Criação e creação. Origens antropológicas da criatividade. As características e manifestações da criatividade.

QUINTA

MUDAR COM AS VISÕES DE MUNDO. Rupturas de paradigmas.

SEXTA

HUMANO- O SER MUTANTE. Os protótipos humanos, suas inteligências e seus pontos de mutação.

SÉTIMA

O RELÓGIO E A BÚSSOLA. Tempo de mudança. Quais são seus planos? Os que mudaram a si mesmos. PROVOCADORES DE MUDANÇAS. O homem do futuro. O futuro das máquinas e corpos. Uma nova categoria social. A economia sustentável.

OITAVA

A EDUCAÇÃO NÃO INDUSTRIAL. A pandemia e o fim da sala de aula. Docência, tutoria e tecnologia de ensino-aprendizagem.

NONA

CONVIVER NA RELAÇÃO DE AJUDA. O papel da escola no apoio emocional. A experiência humanista do CVV.

DÉCIMA


OUVIR SENTIMENTOS. A experiência da escuta compreensiva. Minicurso saber Ouvir.


ANEXOS. Saúde mental e desindustrialização educacional no Japão.



CRISES E MUDANÇAS




Foto:Verônica Esquive


PRELÚDIO DAS MUDANÇAS

No final da década de 1970 a jornalista Marilyn Ferguson era considerada a profissional de comunicação mais bem informada dos EUA, atuando como editora do Boletim Cérebro/ Mente. Era uma época na qual o conhecimento ainda era muito restrito e as novidades científicas e mercadológicas eram consideradas muito valiosas como fator de atualização pessoal e profissional. O boletim tinha uma circulação também restrita e de igual valor informacional e publicava o que havia de mais revolucionário nas tendências e na produção intelectual dos EUA e das nações mais desenvolvidas do planeta. Era um compartilhamento impresso de dados atualizados do livro A Revolução do Cérebro.
No início dos anos 80, Marilyn publica outra obra síntese de movimento de mudanças, com um tom mais ousado, fora dos padrões acadêmicos tradicionais, revelando que as culturas alternativas tiveram um papel preponderante nas transformações que acorreriam nessa nova década. O mundo sofreria mudanças importantes, porém elas não aconteceriam sem antes passam por uma transformação da mentalidade, de valores e de relações humanas. Ela os principais segmentos que seriam afetados e as ferramentas que promoveriam as principais mudanças: as pessoas, os paradigmas científicos, o poder, a saúde e a cura, a educação, a espiritualidade e finalmente as relações pessoais. Das mudanças em cursos e também previstas Marylyn identificou as bases e seu principais observadores e propositores, citando nomes, suas pesquisas e práticas inovadoras , em todos os campos.
Não foi somente ela quem percebeu que o mundo velho está à beira da morte e que outro se preparava para nascer, como fazia Sócrates ao descrever o processo do surgimento das ideias. Em 1976, Alvin Toffler também exibia em tom profético as mudanças específicas no universo da produção, comparando as suas famosas “três ondas” tecnológicas da humanidade. Tofller era mais direto ao tocar na principal ferida do capitalismo: o desemprego. Para eles os empregos ou postos de trabalho desapareciam definitivamente com a falência d mundo industrial, sendo substituído pelo trabalho autônomo.

QUEREMOS SABER O QUE PODE ACONTECER
 
Ferguson e Toffler ainda não conheciam a revolução do PC e da internet quando anunciaram essas tendências transformadoras. Parece que a sociedade só se deu conta do que aconteceria de verdade quando Bill Gates, após liderar a criação do sistema operacional mais impactante do milênio , publicou “ A Estrada do Futuro”.
É sobre todas essas recentes transformações que já se tornaram realidade no mundo atual e outras que virão inevitavelmente com suas implicações que tratamos nesses encontros e propostas de mudança.
Nunca a velocidade do tempo esteve tão acelerado e desnorteado. Nunca registramos tanta alta nos níveis de ansiedade e outros sofrimentos psíquicos com têm ocorrido nos últimos 30 anos.
Precisamos conversar, entender e principalmente compreender o que já mudou, o que está mudando e o que pode mudar num futuro muito breve


FOTUKO, HIKIKOMORI SINAIS DAS CRISES

Já há algum tempo o Japão vem enfrentado os efeitos da sua pós-industrialização, que é a desconstrução da sociedade de massas e busca de um novo modo de trabalho e convívio. Num país rico e bem estruturado, os efeitos dessas mudanças quase não aparecem como um problema gritante, como acontece nos lugares onde o bem-estar social não é tão acessível. Mesmo assim, numa sociedade tecnológica como essas, os problemas existem e desafiam o Estado e seus sistemas.
Como os japoneses lidam com essas transformações sendo uma sociedade conservadora e resistente à certas mudanças? Como eles suportam o intenso sofrimento psíquico que se alastra no mundo atual? A resposta é simples: enfrentamento, com todos os recursos disponíveis, que vão desde as ferramentas de pesquisa e soluções científicas até os meios e marcas mais tradicionais da cultura nipônica diante de situações complexas e desafiadoras.
Com um histórico alto índice de suicídios desde á sua industrialização e a forte cultura competitiva, o Japão tem atualmente mais fenômenos humanos que desafiam a ciência e a tecnologia: primeiro o “Hikikomori”, isolamento doméstico de jovens que se recusam a ter uma vida social e se comunicarem com o mundo exterior. Eles anteciparam em vários anos a experiência de isolamento e relacionamento remoto que o mundo viveria a partir de 2020 com pandemia do Covida-19. Como efeito dessa prática, veio o “Fotuko”, recusar dos adolescentes a frequentar as escolas, num gesto claro de rebeldia e rejeição pelo rígido sistema educacional imposto no país desde à reconstrução após a derrota do Japão na II Guerra Mundial. Não se trata de algo exclusivo do Japão, pois é algo presente em todas as sociedades tecnológicas, mas a forma como esses dois fenômenos se manifestam e são enfrentados é para todos os demais países uma importante referência para compreendermos o que está acontecendo com o mundo nessa transição da vida industrial para o modo de vida informacional.
A pandemia revelou que o Hikikomori e o Futuko são fenômenos humanos mundiais e que colidem frontalmente com o sistema educacional. As crianças e jovens se perguntam por que elas são obrigadas a frequentar ambientes de aprendizagem que não tornam suas vidas melhores nem as preparam para o futuro, como é falaciosamente muito difundido pelos seus insistentes propagandistas e cada vez menos pelos educares e consumidores sensatos desses serviços. Crianças e jovens hoje têm voz na redes sociais e afirmam com convicção vivencial: “Não quero aprender a derrotar meus colegas para que eles se torem infelizes, como são os pais deles e os meus pais”.
No caso do sistema educacional hoje ainda imposto na maioria dos países, o desperdício de recursos materiais e intelectuais são direcionados totalmente a manutenção das despesas e empregos do próprio sistema e não à formação humana que ali deveria ocorrer. No Brasil a maioria das crianças e jovens em idade escolar são analfabetos e não conseguem fazer operações básicas em matemática. Isso denuncia claramente a corrupção e a ineficiência. Ingressam no ensino médio e nas faculdades sem saber ler e interpretar um texto de forma correta. As universidades são obrigadas a aplicar programas de nivelamento para receber essa massa que passou pelo ensino básico sem aprender o mínimo necessário.
A pandemia escancarou essa realidade, que já vinha acontecendo há anos. As escolas estão se mostrando cada vez desnecessárias e a sala de aula industrial foi definitivamente extinta dos processos de formação educacional e qualificação do ensino. E de nada adianta gastar milhões em recursos tecnológicos no aparelhamento do sistema existente e enferrujado se não houver uma completa desmontagem de algo que está emperrado há décadas. A rede escolar - pública e privada - nesse modelo legal e funcional, vive de aparências e está com os dias contados, independente das tentativas de reforma curricular e aparelhamento massivo com equipamentos eletrônicos, cursos de pseudocientíficos e a insistência no conteúdos de informações e práticas obsoletas. A maioria absoluta delas não assimilou e ainda não consegue fazer funcionar o paradigma do “aprender a aprender”. Falam, falam, falam e não praticam, não mudam. Se recusam a trabalhar em um novo formato que não seja o de funções didáticas especializadas e cartorialmente certificadas (os famigerados diplomas), que não têm mais sentido no universo da informação. Antes havia condições sociais e políticas para impor esse modelo. Hoje não é mais possível. O modelo foi atingido irreversivelmente pela transparência digital e a sua consequente desmoralização social. É um modelo que não tem nenhuma relação de reciprocidade com a sociedade atual e com o mercado de trabalho. Insistir na sua continuidade é alimentar o desperdício e a aceleração da sua decadência já em curso.
No mundo empresarial esse fenômeno também existe, óbvio, porém é combatido mais rapidamente, pelas constantes trocas e renovações funcionais exigidas no mercado de negócios. Mesmo assim, registram-se grandes perdas em muitos setores, logo engolidos pela asfixia financeira, fruto da incapacidade de gerenciamento nas organizações na adaptação às mudanças. Daí as constantes reclamações e gritarias inúteis de empresários sobre as interferências negativas dos sistemas governamentais (não estamos falando de regras do Estado, como os tributos e normas sócias e sim de políticas públicas), seja em forma de ingerências de obstáculos ou a ausência de fomentos geradores de riquezas.
A verdade é que todos, sem exceção, precisamos nos educar e nos preparamos permanentemente para as crises. Elas são constantes e contínuas. Portanto, não se deve combater crises de enchentes represando os rios e as marés, pois elas são naturais e até salutares. O que se deve combater são formas ineficientes de enfrentamento das crises.
Foto: Verônica Esquive


PERCURSO DE MUDANÇA

A proposta desse percurso é buscar mudanças na vida pessoal e profissional. É também criar situações e oportunidades para conhecer, refletir e desenhar o nosso futuro.
A falta de tempo e de situações propícias para a mudança sempre aprecem como obstáculos e desculpas para essas mudanças não sejam feitas. Nossos corpos e nossas mentes são mestres da dissimulação e do fingimento e sempre tentam nos enganar, para nos manter adaptados na zona de conforto, nos protegendo contra perturbações transformadoras.
Para tanto, temos que fazer duas importantes ações para realizar descobertas de conhecimento e autoconhecimento. E também trocar experiências.
A primeira ação já foi feita, que foi a decisão de participar desse evento. A segunda ação é utilizar corretamente as informações para realizar essa mudança.
Este percurso de aprendizagem vai direto ao ponto. Vivemos um novo paradigma de tempo e dinâmica social. O ensino nas sociedades avançadas exige aplicação imediata à realidade do mercado e com profundidade cultural.

O IMPACTO DA IA NOS PRÓXIMO DEZ ANOS




IGN BRASIL

Democratização da IA

Não é preciso ser um gênio para adivinhar que a inteligência artificial seria uma das protagonistas pelo menos nos próximos anos. Contudo, o mérito de Gates reside no fato de ter descrito com bastante fidelidade como se daria a democratização da inteligência artificial.

As previsões de Bill Gates para 2024 já estão começando a ser cumpridas (pelo menos em relação à IA)
Gates definiu a integração da IA nos celulares como uma forma de democratizar o acesso da maioria da população aos benefícios educacionais e integrativos que a inteligência artificial proporciona. Há pouco tempo, Samsung e Google apresentaram a materialização dessa previsão, integrando IA ao sistema operacional de seu carro-chefe.

Neste desenvolvimento, a IA é integrada no Android como um assistente virtual para facilitar a experiência do utilizador de forma nativa, sem ter que recorrer a aplicações ou serviços de terceiros. A Samsung, inclusive, voltou atrás e retirou vários aparelhos antigos da lista dos dispositivos que receberão a IA.

A ciência e IA

Outra previsão de Gates para 2024 era que a inteligência artificial serviria como força motriz para avanços científicos no desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos mais eficientes. Ter modelos de inteligência artificial generativos mais poderosos e melhor treinados permite que os cientistas economizem tempo em suas pesquisas com simulações mais precisas.

Uma boa prova de que graças ao motor de IA se avança nesta área é a descoberta de novas vacinas baseadas em mRNA contra a calvície, contra o colesterol elevado ou contra o melanoma. Não há dúvida de que ainda há um longo caminho de desenvolvimento para encontrar uma vacina para o HIV ou métodos de diagnóstico precoce baseados em IA, mas em um único mês de 2024 já começaram a ser observados avanços importantes nesse sentido.

IA como vetor de desenvolvimento

Um dos segredos da espetacular alta no preço das ações da NVIDIA – e de seus gestores – tem sido o bom desempenho de seus chips em termos de inteligência artificial. Este domínio absoluto do mercado de processamento de IA abalou os alicerces da indústria de fabricação de chips, despertando seus protagonistas do sono autocongratulatório em que estiveram imersos durante anos.

Mais uma vez, Bill Gates não se enganou ao afirmar que a IA será o principal vetor de desenvolvimento não só de 2024, mas também da próxima década. A alta demanda por chips para IA fez com que Intel e AMD parassem de olhar só para gráficos de computadores e jogos, para se concentrarem no desenvolvimento de chips otimizados para IA.


O QUE JÁ MUDOU E O QUE VAI MUDAR

 




P 1 - O QUE JÁ MUDOU E O QUE VAI MUDAR


Já vão para duas décadas que o século XX acabou. Aos poucos o mundo industrial está desparecendo da forma como foi prevista e um outro mundo, o informacional, vai se desenvolvendo de maneira totalmente diferente da qual imaginamos.

Essa mudança do mundo mecânico e analógico para universo eletrônico digital tem provocado verdadeiros distúrbios em todos os segmentos, causando graves perturbações nos ritmos sociais e principalmente nas pessoas.

O desaparecimento crescente dos postos fixos e o surgimento de novas dinâmicas de trabalho e de distribuição de riquezas são provas incontestáveis dessas transformações. Elas são sempre rápidas e surpreendentes.

Não é por acaso que registramos, em escala mundial, o aumento generalizado da violência e o surgimento de epidemias emocionais e de doenças mentais. Isso já aconteceu em outras transições sistêmicas históricas.

Vivemos uma época de intensa inquietação e expectativas, como viveram as pessoas que presenciaram o surgimento do comércio e das cidades na antiguidade ou então das máquinas na revolução industrial. Como eles, vivemos em busca de respostas para perguntas que ainda não sabemos fazer. Esse novo universo chama-se Complexidade. Superamos o mundo plano dos territórios físicos (geocentrismo); ultrapassamos o mundo das engrenagens e da física mecanicista (heliocentrismo) e agora ingressamos aos poucos na complexidade e na incerteza dos buracos negros.Nesses momentos nos sentimos sem chão, sem as nossas identidades e sem os nossos endereços criados pela sociedade gregária e sedentária. Parece que voltamos à infância e ao período crítico das dúvidas da adolescência da humanidade.



STATUS QUO?

Quem é você, que posição ocupa, qual a sua origem?

Essas eram as perguntas que os romanos faziam quando percebiam que alguém estranho ou de comportamento divergente estava causando algum tipo de perturbação na vida social deles. Quando chegamos nesse ponto de fazer os questionamentos sobre a nossa incapacidade de compreender o que está acontecendo com o mundo e também conosco, vem à tona outra questão histórica?

Que educação recebemos para enfrentar esse novo mundo e esses novos problemas? Para que servem atualmente o ensino das nossas escolas e o conhecimento que elas transmitem? Estamos no caminho certo?

No século XIX , quando o mundo estava no auge da revolução industrial, os ingleses, como foram os romanos na antiguidade, eram os senhores do mundo capitalista e já se perguntavam como deveria ser a educação das futuras gerações, para que suas conquistas fossem preservadas. Eles chegaram à conclusão de que seria impossível prever o futuro nesse sentido. E imitaram os romanos, optando viver como os gregos, que não valorizavam muito os conteúdos e sim as experiências do conhecimento. Afinal, os gregos e os romanos desapareceram, mas ficaram suas experiências.

Serão válidas as experiências dos ingleses ou dos japoneses da era industrial? O Vale do Silício, principal ponto de mutação científica e tecnológica atual, usa algum conhecimento do taylorismo ou toyotismo para sua economia diferenciada e suas empresas startups?

Hoje as nações mais ricas e poderosas vivem o mesmo dilema dos ingleses e dos romanos. E surgem novas e sempre incômodas equações a serem decifradas.

Que tendências definirão as mudanças desse novo século?

Que educação vai preparar essa geração para o futuro incerto e imprevisível?

Quais profissões já desapareceram e vão desparecer nos próximos anos?

Que profissões surgirão nesse novo cenário social?

Quais serão as novas necessidades humanas?

Que conhecimentos e tecnologias serão dominantes?

Como será mundo e as pessoas do futuro?

O que termos que saber para viver nesse mundo novo?



QUO VADIS?


Onde vais? O que pretende? Onde quer chegar?

Essas eram outras perguntas que os romanos faziam para os que social e geneticamente representavam uma ameaça ao sistema social deles.







PARA ONDE VAMOS?



Proposta 2 -PARA ONDE VAMOS?

Estamos vivendo a Complexidade, visão de mundo causada pela descoberta dos buracos negros e que sucedeu a visão plurissistêmica contemporânea , a heliocêntrica moderna, a geocêntrica antiga e medieval e a mais primitiva de todas: a plana, típica da pré-história e do nomadismo humano.

As cosmogonias ou visões de mundo são desencadeadas por descobertas importantes e funcionam como motor para as novas gerações que renovam as sociedades. São ela que impulsionam os artistas, pensadores, pesquisadores, líderes e principalmente os empreendedores. São os visionários, provadores de inquietações e que tanto incomodam os reacionários e conservadores, sempre assustados e incapazes de ler e compreender as transformações.

Atualmente vivemos novo momento dialético da história da humanidade, um conflito entre gerações antagônicas: uma destemida, curiosa e que precisa avançar para novas experiências e descobertas; e outra temerosa, supersticiosa, apegada aos conceitos estabelecidos e se sente ameaçada e desconfortável diante da necessidade de novas descobertas. Enquanto milhares de pessoas permanecem temerosas e estagnadas, outras milhares buscam um novo sentido para suas vidas e rompem as amarras do medo para desafiar essa estagnação.

A ANGUSTIOSA MUDANÇA DE RUMOS


A recente geração 2.000, filhos de pais inseguros e indecisos, impactados pelas mudanças da era digital, produziu uma multidão de jovens apavorados com o futuro e cultuadores dogmáticos do passado. Mas nem todos são assim. E desafiam a Era da Incerteza.

Minha filha, Verônica, quando fez 15 anos e iniciou o ensino médio já manifestava aquela ansiedade que toma conta dos jovens pré-universitários de não saberem o que irão fazer da vida. Tentava tranquilizá-la dizendo que ainda era cedo para esse tipo de preocupação. Entretanto, sempre me pegava dando a ela sugestões sobre cursos e carreiras. Ela achava engraçado porque percebia que não era somente ela que estava confusa e intranquila. Então eu dizia: “Relaxa, ainda tem muito tempo para escolher”. E ela respondia: “Tá bom... Relaxa você também”.

Sempre que isso acontecia sabíamos que a melhor solução era fazer uma caminhada e depois procurar uma atividade artística para aliviar as tensões mentais e tranquilizar os nossos espíritos cheios de ansiedade. Geralmente víamos um filme, falávamos ou líamos trechos de algum livro. No seu aniversário de quinze anos dei a ela uma máquina fotográfica digital, embora ela quisesse uma máquina analógica para revelar os filmes químicos, como se fazia no século passado. O sonho dela era ter um gravador de fita cassete e uma câmera de foto instantânea Polaroid ou uma daquelas antigas que parecem uma pequena caixa. Aquilo que vivi como tecnologia avançada na minha infância e adolescência tornou-se para ela culto de nostalgia e preciosa peça de museu.



Para ler o mundo. Verônica exercitando o olhar pela fotografia digital.



Mas a câmara digital ajudou muito. Não comprei com a intenção de transformá-la numa fotógrafa profissional, mas a fotografia foi uma atividade lúdica e artística que me ajudou muito na juventude e pensei que poderia ajudá-la de alguma forma e ajudou. Saímos para muitos lugares e registramos imagens sobre muitas coisas interessantes. Ela com uma máquina Canon e eu com um celular Sansung. Os registros serviram como diversão e pretexto para pensar sobre muitas coisas que já aconteceram, que acontecem e que poderão acontecer. Eu não me tornei fotógrafo, mas a fotografia me encaminhou para a História e depois para a Educação, duas ciências-chave para compreender mudanças. Queria ser jornalista, mas sabia que esta atividade não seria muito adequada para mim. Temia a instabilidade do jornalismo e da comunicação como profissão. A fotografia, pensei, pode nos ajudar a fazer descobertas. Fazendo fotos encontraremos muitas respostas e descobriremos outros caminhos e rumos.




Janela de quarto de hotel em Belo Horizonte –MG. Verônica fotografa o desconhecido e tenta imaginar o futuro.



Da última vez que Verônica que tocou no assunto “futuro” não foi de forma direta como das outras vezes. Prevendo minha insegurança e uma possível reação negativa e pessimista, dessa vez ela sugeriu que assistíssemos uma série documental do Netflix sobre profissionais do design. No começo torci o nariz porque não percebi a intenção dela. Ela já tinha visto três desses documentários da série. Quando assisti ao primeiro, caiu a ficha. São biografias de celebridades profissionais, com um enfoque e narrativa diferentes, mostrando o percurso das escolhas que eles fizeram. Todos são designers, de diversos segmentos, porém as suas trajetórias foram diferentes por causa das escolhas e decisões que fizeram. Isso acontece praticamente em todas as profissões e serve para conhecer e avaliar todas as carreiras. Sacada de cineasta e documentarista. É claro que lembrei da nossa opção provisória pela fotografia.

A série da Netlix sobre designers não foi a solução e não resolveu diretamente o problema das escolhas e decisões profissionais, porém ensinou muito sobre como se comportar diante das coisas desafiadoras, incluindo o que fazer da vida, escolher um curso universitário e uma profissão definitiva.



A EDUCAÇÃO NÃO DEVERIA MUDAR TAMBÉM?



Os jovens estão sempre atormentados pela busca de uma profissão e antes disso pela obrigação social de tomar uma grave decisão e fazer a escolha de fazer um superior.

Que faculdade devo fazer se não tenho a mínima ideia do eu quero ser?

A dúvida persiste quando eles ingressam nos cursos e se sentem perdidos ou então desolados ao descobrirem que fizeram a escolha errada. Muito adultos passam pela mesma angustia quando percebem que precisam mudar de carreira.

Por que os processos seletivos educacionais querem selecionar os melhores se os melhores não precisam de educação? Educação não é para os piores?

(Dúvida da minha filha, durante uma das nossas caminhadas)

Respondi que sempre pensei assim: alunos inteligentes e educados não precisam de educação nem de ensino. Eles aprendem e se educam por si mesmos; e só estão nas escolas para satisfazer a preocupação das famílias e o ego de alguns educadores que pensam e se iludem que vão ter alguma influência sobre eles.

Como todos os outros, o sistema educacional não existe para os alunos e sim para satisfazer a própria necessidade operacional do mesmo. Por isso eles têm essa cultura seletiva de alunos "bons ou fortes", o que, por efeito, elimina os alunos “ruins ou fracos”. Mas os sistemas também competem entre si e o sistema educacional não é tão bom de competição como os demais. Ele é conservador e resistente à mudanças. Se isola do mercado e se protege com uma legislação própria e com um tipo de competição interna autodestruidora. Deveria ser o contrário.

Outra causa dessa ineficiência é que ele geralmente é composto por pessoas que não são competitivas e vieram para o magistério exatamente por causa dessa aversão à cultura competitiva da sociedade de consumo. Muitos até foram bons alunos, mas não se tornaram profissionais competitivos no mercado como químicos, engenheiros, advogados, administradores, etc. É aquela velha história de Demóstenes, excelente treinador de oratória na Grécia antiga, que era gago e franzino. “Eu afio, mas nem sempre corto”, dizia para os que desconfiavam das suas habilidades de treinar. É o que acontece também com jogadores e atletas medíocres e que se tornam bons técnicos e impulsionam campeões.

É público e notório que o sistema educacional vive uma longa e tenebrosa crise existencial e não tem sido tão bom quanto os demais. Tenta sobreviver de todas as formas possíveis.

É bom lembrar que estamos falando insistentemente de educação e ensino porque este setor funciona como um termômetro das crises sociais mais profundas. Nas escolas, por causa das pesquisas e do debate permanente sobre o conhecimento, é possível enxergar a origem das crises e também as possíveis soluções. 


EDUCAÇÃO SIMPLES E ENSINO COMPACTO

Nossa educação ainda agoniza no enciclopedismo, surgido na renascença e no iluminismo. Diante de tantas novidades, nessas duas épocas históricas, os inseguros e que não compreendiam a natureza do conhecimento e suas dimensões, queriam guardá-lo em caixas de organização, pastas, arquivos, enfim conteúdos que passaram a ser chamados de “matérias”. Material escrito de acumulação quantitativa. Os volumes se sucederam em múltiplos formatos e tê-los guardados e protegidos passou a ser sinônimo de riqueza material. O livro e seu formato octavo, criado por Aldus Manúnzio e que tornou-se o símbolo e o meio dominante dessa acumulação, que preenchia os antigos anseios de preservação dos conteúdos, já tem mais de 500 anos de vida plana. Muitos ainda acham que a leitura e o consumo de livros, em franco desaparecimento, vai causar algum dano na cultura e na educação. Bobagem. O livro físico morreu e o seu formato digital é só uma tentativa inútil de ressuscitá-lo. O mesmo aconteceu com os rolos químicos de filmes, com os discos de vinil, com as fitas sonoras, com o CD e o DVD, com a máquina de datilografar, com a ficha de orelhão. E também com a sala de aula.

O receio de não poder armazenar e de perder informações sempre surgem como uma paranoia nos períodos de ruptura do conhecimento. Poucos absorvem a essência dessas mudanças e a maioria se perde nos volumes e redemoinhos de superficialidades, repetições e reproduções, que acabam se desgastando, massificando e perdendo valor.

Quando inventaram os arquivos digitais, a grande preocupação era aumentar a capacidade de armazenamento. Era uma necessidade mercadológica que foi confundida com uma necessidade tecnológica. O mundo industrial e analógico não entedia o novo digital e queria processar o analógico no digital. Inventaram até a teoria da 4ª Revolução Industrial, pois não perceberam (ou não aceitavam) que o mundo industrial havia morrido, junto com a concepção mecanicista da física de Newton.

O ensino e a educação sofre desse problema gravíssimo de incongruência mental. Quer armazenar , repetir e reproduzir coisas que não são mais necessárias. Até os analfabetos sobrevivem no mundo digital e as escolas ainda sofrem com a morte do analógico.

O mundo analógico dos currículos tinha valor, nexo, durabilidade de longa permanência. No digital eles apodrecem, como as informações, e entram rapidamente em condição de obsolescência.

Mas os sistemas de ensino insistem nessa “tecla” analógica e não compreendem que a apropriação do conhecimento não depende mais dessas ferramentas conteudistas, volumosas e dependentes da transmissão docente.

O mundo discente é inversamente proporcional do docente. É a relação ensino-aprendizagem, que há muito se perdeu na unilateralidade. Não há diálogo e compatibilidade.

Não se oferece respostas para perguntas que não foram feitas. Esse é o princípio da educação clássica. A curiosidade ainda é o grande princípio do ensino e da aprendizagem. Um dia aprendemos como isso funciona por que sistematizamos o processo, que era natural. Perdemos o senso filosófico educativo. Insistimos na hipervalorização das respostas e desprezamos a importância da dúvida e das perguntas.

Mesmo lidando com as ideias das práticas norteadoras, que são um avanço no ensino, insistimos nos modelos e processos acumulativos, nos registros documentais, na burocracia supostamente avaliadora e qualitativa, visando a certificação. Outra bobagem ilusória ou mal-intencionada.

E finalmente, diplomar não é mais um verbo educador e formativo. Avaliar não poder ser mais importante do que aprender. Nunca. É uma inversão de valores e processos.

Mesmo vivendo a complexidade, uma realidade que não tem mais volta, marcada pela incerteza, não podemos confundir esse novo paradigma com as complicações metodológicas. Complexidade não complicação. Cada vez menos vamos precisar de métodos e cada vez mais vamos suprir esse vazio com práticas e vivências, quase sempre simples e compactas. Vamos pulando as teses, as antíteses e vamos direto ao ponto de mutação: a síntese.   






MUDAR COMO SE MUDA

 

Foto do autor


Proposta 3 -MUDAR COMO SE MUDA


Hoje não é mais possível uma educação racionalizada pela disciplina e pela lógica industrial. A obsolescência é muito presente no mundo atual e atinge os sistemas como um vírus devastador. Essa era uma educação de modelos prontos, segredos e aparências pensadas. Pensando, você podia mentir à vontade porque o pensamento, os modelos prontos, os segredos e as aparências eram os paradigmas dominantes.

As aparências são máscaras sociais, em todos os aspectos, escondendo a realidade e protegendo o que está estabelecido. É um mecanismo defensivo compreensível, porém frágil e questionável. Agora isso está se tornando impossível e indigesto na sociedade digital, onde tudo é mutável, transparente, público e notório. Se você não educar seus sentimentos e consequentemente suas emoções, será surpreendido, descoberto, denunciado e desmascarado. Que escola ou curso atualmente pode oferecer essas competências emocionais?

Sabe por que as mulheres estão ocupando os espaços e se destacando no mercado de trabalho? Por dois motivos: primeiro, a cultura machista, burra e teimosa não consegue mais se manter estável num mundo de instabilidades. E segundo, a capacidade emocional que elas têm de sofrer sem reclamar e recuar. Diante do predador (leia-se situações perigosas),o sexo masculino não sabe se fingir de morto e esperar a ameaça se retirar. A cultura machista exclusivamente masculina e provedora que dominou durante milênios o mercado de trabalho vem sendo destruída pelas sucessivas mudanças na economia e também nas situações limites (nos recentes períodos de guerras as mulheres substituíam os homens em funções historicamente masculinas). Dessa forma surgiu um novo concorrente para os “chefes de família”.

A mulher aprendeu a pensar e agir socialmente como os homens. O inverso disso é muito difícil. Houve uma mudança neurológica na experiência profissional das mulheres. O cérebro delas adaptou-se para novas situações, mantendo, porém, suas características biológicas de gênero. O cérebro masculino se mantém rígido e resistente. As inteligências masculina e feminina são essencialmente idênticas, entretanto o uso social delas é culturalmente diferenciado. No universo novo, as mentes emocionalmente flexíveis se dão muito melhor.

LER AS MUDANÇAS

Todas essas mudanças parecem um enorme desastre no qual muitos sucumbiram e poucos se tornaram náufragos, isso porque as consequências da catástrofe são duradouras. Nosso navio industrial está fundando aos poucos. Mas não está afundando em águas rasas e tranquilas. Elas são profundas, escuras e frias. E a causa desse desastre é a ponta de um enorme iceberg que não conseguimos vislumbrar como um todo. Estamos em rota de colisão sem saber o que realmente está acontecendo.

SABE QUEM SE SALVOU NO TITANIC?

Primeiro, os que não acreditavam na falácia de que existia um navio que jamais afundaria; segundo, os que acreditaram nisso, porém constataram que tudo era uma grande mentira e logo saíram em busca salvamento.

ABANDONANDO OS VELHOS MITOS INDUSTRIAIS

Como vimos, não é mais possível aprisionar as informações em livros, máquinas, cursos e estabelecimentos escolares porque o conhecimento agora é livre, mental e dinâmico. As bibliotecas e as informações estão nas nuvens. O que vale não é o que você sabe e sim como você usa o que sabe.

DIPLOMA NÃO CERTIFICA CORAGEM

Se descobrimos que não fizemos a escolha certa, temos que descartar a ideia absurda de levar as decisões erradas até o fim. Podemos mudar porque a capacidade de mudar é a nossa verdadeira certificação para a vida. Não precisamos ser dominados pelo medo nem nos escravizar aos velhos conceitos. Podemos muito bem confiar em nossa capacidade de descobrir e gerar novos conhecimentos.









CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO


Proposta 4 -CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO


Criatividade. Este é o VERBO mais admirado e cultua no mundo contemporâneo, seguido pelo seu mais cultuado derivativo. É dele que surgem as soluções e novidade que a sociedade de consumo tanto precisa para satisfazer suas necessidades de renovação permanente em forma de produtos e serviços. O ser humano é essencialmente uma criação, que a nossa experiência antropológica milenar o associa a figura mítica do Criador, divindade teológica presente em todas as culturas históricas. Todas as narrativas de origem do mundo e seres vivos são criacionistas mitológicas e sobrevivem até hoje se opondo à narrativa zoológica da ciência, que também é repleta de criatividade. Tanto o gênesis mosaico como a teoria darwinista da evolução das espécies – as duas mais conhecidas- são produtos da imaginação humana tentando explicar o fenômeno humano e o cenário do seu aparecimento, no cosmos (luz, cor e movimento) e no planeta (água, terra, ar e fogo). Identifica, e tenta também conhecer e explicar as leis que regular essa manifestação: transformação, aça e reação, destruição, regeneração, evolução, trabalho, polaridade, proporcionalidade, afinidade, sociedade; e as leis morais: justiça, liberdade, igualdade, paridade, diversidade, pluralidade, reciprocidade e justiça.

O filósofo Huberto Rohden explica que a palavra criação é equivocada, pois o seu radical latino se refere à pratica da pecuária, criação de animais. Segundo ele o termo correto é creação, do latim crear e que denominou a entidade divina de Creador e sua manifestação no plano físico como Creação. A semelhança entre o Creador e suas creaturas está na capacidade creativa da mente humana. Os credos teológico gerou as crenças a negação delas, as descrenças, que é a desconstrução dos credos. A descrença também é uma forma de creação invertida, também composta de criatividade. Os artistas atuais e principalmente os teórico da arte são vidrados em desconstrução, que eles acreditam ser a verdadeira arte.

Usando a palavra no sentido vulgar, criação é um verbo mental, de produção e reprodução das coisas. É uma ação mental composta de imaginação e realização, dois campos opostos: o da criação e da manifestação. Nessa ação existe a criação autêntica e também a imitação, fruto da capacidade de percepção que temos da natureza e das suas leis reguladoras. A narrativa do Gênesis descreve a Criação como a epopeia do nada, da escuridão das trevas para a luz. É assim com todos os povos que tocam nesse assunto. Na Índia antiga, a narrativa bramânica relata que o Manvantara (o todo univérsico, um plano divino) é produto permanente inspiração (criação) e expiração (manifestação) do pensamento de Brahma, duplo movimento duplo que dura bilhões de anos na construção e desconstrução do universo.

A criatividade é , portanto, efeito da mente. A palavra mente vem da cultura hindu, do idioma sâncristo: “Manas”, o portador de manas é Humano. Os hebreus, outra raça antiga e também repleta de gênios mentais em sua história, denominam a mente o universo da Criação de Malkuth, que significa ocidentalmente o “Reino”. Na China é a polaridade energética e mental Ing e Yang. Os gregos, herdeiros culturais dos árias, dos egípcios e dos cretenses (antigos atlantes, segundo Platão) denominavam a mente de “Psiké”, campo abstrato que se opõe ao “Eros”, campo concreto do instinto e do desejo. A união de Eros e Psiké, pelo sexo, cria as formas humanas e suas manifestações.

Em todas essas narrativas e concepções , sobretudo na hindu, encontramos uma explicação espetacular e curiosa para a criação e criatividade. Trata-se da ideia de que o segredo do corpo humano ereto e também da sua verticalidade da sua mente – em oposição à horizontalidade da coluna vertebral dos animais – está na nossa capacidade de ficar em pé desafiar a Lei da Gravidade. Essa habilidade tem duas bases funcionais, uma biológica e outra psicológica: o magma do núcleo da Terra e os polos magnéticos (ártico e antártico) e calor também magnéfico que penetra na coluna e nervo vertebral em direção ao cérebro, naturalmente palas ações de sobrevivência e reprodução sexual; e mais ampla e criativamente com a busca de vigor e realização nas uniões sexuais e trocas de energias entre os seres. Essa energia magnética primitiva cria filhos de forma espontânea e também pode ser canalizada de outras maneiras na canalização de expressões criativas exteriores como as artes, a ciência e as tecnologias. Esse foi o elemento primitivo descrito pelo Sigmund Freud na sua “Psisicanálise” no termo “libido”, cujo controle regulador da sublimação pode ser mentalmente adaptado canalizado, direcionado e redirecionado em diferentes funções que não o simples ato sexual, mas em ações criativas múltiplas. É assim que pessoas que não querem ou não podem ter uma vida sexual comum, regular e reprodutiva, busca a outras forma de criação e realização gerando mudanças pelas produções, reproduções, construções, desconstruções, etc, tendo como ferramentas a imaginação e a aplicação.

É assim também que a criatividade se manifesta como técnica, arte, organização e estilo de vida na busca de solução e conforto. Tudo isso tem um enorme impacto e influência no conhecimento, nas profissões e na vida cotidiana. Faz parte, em curto prazo, no dia a dia e também dos planos e projeto de vida a longo prazo; na cura e recuperação das ações frustradas do tempo passado, soluções e pequenas resoluções do tempo presente; e também nas superações e conquistas do tempo futuro. Criatividade se opõe ao tédio, acomodação e frustração.


CRIATIVIDADE E INTELIGÊNCIA E APRENDIZAGEM


A inteligência humana também foi fruto de uma trajetória de aprendizagem e vivências. Nascemos com o potencial criativo e cognitivo, porém cada uma das suas características, potencialidades, habilidades e competências são efeito do esforço, da adaptação e das reações ao fracasso. O potencial criativo é pré-existente, porém precisa ser desbloqueado e desenvolvido pela aprendizagem. Aprender é uma ação espontânea de maturação interna ou provocada por situações e agentes externos, como as escolas e cursos. Mas ela depende essencial do interesse e da vontade. Os processos comuns de aprendizagem poder ser resolvidos pelo ensino também comum, das coisas básicas, motivados por técnicas pedagógicas que estimulam o instinto e a percepção superficial dos sentidos e da realidade exterior. Já os processos mais complexos de maturação são resolvidos pelo ensino iniciático, de diferentes graus de percepção da realidade, além das coisas básicas. São graus mais profundos das mudanças da estrutura psíquica e emocional. Os mestres iniciadores dessa modalidade de ensino querem a garantia de que não vai haver dispersão mental nem desperdício de tempo na transmissão do conhecimento e desenvolvimento das experiências. “Não se deve jogar pérolas aos poucos”, diz o antigo axioma da iniciação disciplinar. Estas geralmente são marcadas pelo deslocamento do mundo exterior para o interior, por meio de testes e provas emocionais e equações morais. Uma delas é a paciência, testada com jogos provocativos entre o mestre e o discípulo. Superando o obstáculo da paciência, o processo educativo da vontade ingressa em outras experiências e regras como a obediência, o silêncio, o olhar, o jejum, a humildade, a simplicidade, as adversidades e a dor. A ideia é fazer com que o discípulo supere a dúvida, o medo e a necessidade. Quem sabe supere o próprio mestre.

Assim como o universo e a mente são plásticos e expansivos, a inteligência também é expansiva e dá o tom desse movimento criativo. Isso está registrado na história dos protótipos humanos: (seres que são portadores de novas habilidades cognitivas e que influenciam seus semelhantes, em diferentes épocas e contextos; e também nas cosmogonias, concepções e visões de mundo desses respectivos períodos históricos. Seres criativos que geralmente nascem portadores da visão de mundo dominante, porém rompem as mesmas para desenvolverem novas concepções que serão dominantes a frente do seu tempo.



















MUDAR COM AS VISÕES DE MUNDO

 


Proposta 5 -MUDAR COM AS VISÕES DE MUNDO



COMO VEMOS O MUNDO E A NÓS MESMOS

Diferente do mecanismo instintivo e autômato dos animais, a Humanidade percebe e observa o mundo exterior para compreender o que se passa no seu próprio mundo interior (a mente). O mundo exterior é relativamente calmo e estável e as mudanças são sempre iguais, repetitivas e previsíveis. Já o mundo interior é marcado por uma intensa inquietação e mudanças que causam sofrimento psíquico (mental). Para acalmar essas tormentas da mente, cheia de dúvidas e incertezas, o ser humano busca respostas, paz e tranquilidade observando as coisas externas e comparando estas com as coisas que acontecem dentro de si mesmo. Observa principalmente como outros seres humanos reagem diante das mesmas situações e como conseguem equacionar os problemas. 

Essa busca de respostas e soluções tiveram fases históricas e gerou diferentes formas de conhecimento:

MAGIA: encanto com as coisas ou fenômenos da natureza;

TOTEMISMO: adoração religiosas pelas coisas e objetos simbólicos;

MITOLOGIA: explicação e narrativas metafóricas das coisas;

FILOSOFIA: explicação racional e lógica das coisas;

CIÊNCIA; experimentação sistemática das coisas.

Essas fases históricas ocorreram simultaneamente com as cinco fases de observação e busca de respostas das coisas, formando diferentes formas de inteligências e progressivas VISÕES DE MUNDO:

PLANA: o mundo era somente uma grande superfície (nomadismo da pré-história)

GEOCÊNTRICA: o mundo é único e redondo (território agrícolas e comerciais da Antiguidade)

SISTÊMICA: o mundo e o corpo humano, bem como a sociedade é semelhante aos planetas que giram em torno do sol (sistema solar (modernidade)

PLURISSITÊMICA: o mundo é uma diversidade de galáxias e sistemas solares. (pós-modernidade)

COMPLEXA: o mundo é plural, complexo, incerto e imprevisível, como os buracos negros e como próprio ser humano. (complexidade)


COMO AS COISAS MUDAM

A forma como vemos o mundo influencia diretamente na forma como vivemos e produzimos conhecimento e riquezas. O nosso entorno é a realidade criada pelos nossos pensamentos, sentimentos e ações. Essa é, em parte, a diferença entre riqueza e pobreza, que se dá com as diferentes formas de produção, apropriação e distribuição de recursos disponíveis. Ao mudar a nossa visão de mundo, mudamos também o mundo que nos cerca.

As diferentes visões de mundo surgiram através da ampliação da consciência, por meio da expansão da mente e do cérebro em confronto de adaptação ao meio. Assim como o Universo se expande, o cérebro e a mente realizam simultaneamente a mesma operação pela desenvolvimento da consciência.

Os nômades desenvolveram a visão linear primitiva observação o chão e o horizonte em busca de comida; os agricultores sedentários desenvolveram a visão territorialista.

Os comerciantes e navegadores romperam os limites da terra aprenderam a transitar pelos oceanos, sem perderem, lendo e observando o céu. Ao contrário dos terraplanistas, eles saíam e podiam voltam para casa, a zona de conforto sedentária.

Os astrônomos, observando e lendo o céu e as estrelas, romperam a visão geocêntrica e deram a visão heliossistêmica descobrindo a mecânica celeste dos planetas e do giro deles em torno do sol; e finalmente, os físicos quânticos romperam o mecanicismo estático newtoniano para apresentar uma nova dinâmica do universo mostrando-o de forma expansiva e incerta, observando o comportamento das partículas do átomo e o estranho e ainda enigmático comportamento dos buracos negros.

Historicamente, a humanidade viveu quatro grandes cosmovisões, cosmogonias ou ainda visões de mundo, sempre expandindo a percepção cerebral e raio de observação mental:

VISÃO PLANA

Na Pré-História a nossa visão de mundo era plana e reta, reflexo da nossa atividade de sobrevivência nômade. Não tínhamos endereço fixo e andávamos dia e noite para garantir alimento por meio da pesca, caça e coleta. O nomadismo ereto (postura vertical da coluna vertebral) nos garantiu a exploração territorial da natureza pela ampliação ótica à distância desenvolvendo a Inteligência cinestésica e espacial. Agilidade e esperteza física, aliada à capacidade de enxergar os horizontes despertou mentalmente no ser humano a noção de tempo futuro e controle do tempo presente (economia).

VISÃO GEOCÊNTRICA

Nas primeiras civilizações passamos a produzir cultura. Fomos transformando e nos distanciando da natureza criando tecnologia de sedentarismos e confortos físicos e psicológicos: agricultura, pecuária e comércio. A vida urbana e sedentária no dá endereço fixo e estabilidade. Essa acomodação cria as cidades, a riqueza territorial, as fronteiras geográficas, os impérios, as guerras pela posse de terras, base da economia agrícola. Nossa visão de mundo abandona a marca retilínea e se expande para dimensões de curvas e círculos. A Terra não é mais plana e infinita-abismal de vales, montanhas e mares. Ela se torna ampla e redonda, porém limitada pelo circulo terrestre. Somos únicos, não nos interessamos e nem desconhecemos o céu, exceto pela visão teológica, mística e supersticiosa. Essa visão de mundo vai durar milhares de anos, passando por toda a Antiguidade, pela Idade Média até a Renascença, com o advento do capitalismo mercantil.

VISÃO HELIOSSISTÊMICA

A descoberta da pluralidade de mundo e um sistema solar nos remete a ver o mundo com um sistema, uma engrenagem, um relógio de tempo absoluto e inexorável. Essa interpretação mecanicista da física newtoniana é transposta para a nossa realidade corpórea e para as nossas instituições sociais. Nosso corpo são órgão e sistemas. Nossas instituições, famílias, empresas e governos passam a ser sistemas, sistematizações matemáticas ou numéricas , tal qual funciona no universo de planetas e sós da física mecânica e previsível. As teorias da burocracia e da administração seguem a mesma tendência por meio dos processos de produção seriada e fragmentada pela quantificação industrial. Quando maior a produção, maior o lucro, presumivelmente controlados com aplicação da hora-trabalho. Para garantir a continuidade da expansão e conquista dos territórios mercadológicos, as grandes unidades industriais se associam ao capital financeiro e ele a entregam todas as suas potencialidades. O crescimento torna-se alienado às regras do mercado especulativo dos bancos e das bolsas de valores. Para sobreviver as empresas industriais e de serviços passam a se comportar como bancos, vendendo créditos e não seus serviços e mercadorias. A sociedade e consumo ajuda essa cultura da possibilidade de ter o que não podemos comprometendo o nosso futuro com dívidas praticamente impossíveis de serem quitadas, por causa dos altos juros, base do lucros.

A COMPLEXIDADE

A falência da física mecanicista e descoberta do universo quântico e complexo de Einstein, Planck e Born coincidem com as novas inquietações sociais e humanas. As crises sucessivas na economia capitalistas não são mais ciclos de desconforto e acomodações do mercado. As especulações financeiras predatória chegaram ao limite e revelaram uma nova realidade para manter o equilíbrio social: sustentabilidade. Não há como fugir dessa nova forma de viver e conviver. O esgotamento dos recursos naturais e explosão demográfica (que antes era a base da sociedade consumista) tornaram-se graves risco para os negócios e para a nova sociedade que ser organiza em bases totalmente novas de política e cidadania. O fim dos empregos, do paradigma industrial e da especulação financeira também significa a rearticulação e a recriação de novas forma de produção e distribuição da riqueza.





AS GRANDES ONDAS TECNOLÓGICAS TRANSFORMADORAS


AGRÍCOLA (Terra territórios físicos). INDUSTRIAL(máquinas, sistemas e territórios mercadológicos. INFORMACIONAL (revolução digital e da biogenética)

As fases Capitalistas – Mercantil (trocas), Industrial (produção), Financeira (especulação)

As crises capitalistas – de Retração e Desenvolvimento dos Séculos XIV e XV (geradora da expansão marítima)– Superprodução de 1870 (geradora do imperialismo industrial e da I Guerra Mundial) – Superprodução dos Anos 20 (geradora do Crack da Bolsa de NY, dos regimes totalitários e da II Guerra Mundial)- e a crise de 1990 (causada pela revolução tecnológica e pelo fim da Guerra Fria (geradora da Globalização).




OS CONFLITOS E MUDANÇAS DE PARADIGMAS


A falência do modelo industrial e o surgimento do paradigma informacional revela uma transição entre o mundo no qual convive duas gerações e dois momentos conflituosos da história contemporânea: um para qual fomos treinados e que está desaparecendo; e outros para as novas gerações já está vivendo mas não sabe exatamente como se comportar.

TEMPO ABSOLTUTO - TEMPO RELATIVO – a física newtoniana foi substituída pela física quântica. As novas tecnologias permitem o uso do tempo pessoal e social sem os controles burocráticos no mundo industrial. As horas técnica do relógio são substituídas pela bússola das novas explorações e descobertas. A percepção que tínhamos do tempo não vinha de nós mas da própria engrenagem da qual acreditávamos que ele se manifestava. Por isso a que não havia mudanças e sim repetições em nós e nas coisas; e que tudo era estático e repetitivo. Ao percebermos o tempo pela ótica do observador e não da engrenagem, tudo deixou de ser absoluto, imutável e passou ser relativo e transformador.

ESTABILIDADE–INSTABILIDADE – Nada é mais sólido e seguro diante das inquietações constantes dos mercados. As crises que eram cíclicas agora são permanentes. Os negócios duradouros são consumidos pelas mudanças velozes e tornam os postos fixos de trabalho muito dispendiosos. Os vínculos empregatícios duradouros são trocados por contratos de prestação de serviços com prazo cada vez mais curtos.

PREVISIBILIDADE – IMPREVISIBILIDADE – Nada mais pode ser previsto com as longas antecedências garantidas pela rotina social. Os planos e planilhas sofrem constantemente com as mudanças bruscas dos mercados e com a saturação e desatualização das informações.

CERTEZA-INCERTEZA – Se não há previsão como podemos ter certeza de como as coisas serão no futuro? Isso tornam frágeis os planejamentos e enfraquecem as estratégias de ação feitas para funcionar por longos períodos e que agora só valem para as próximas horas.




PRIVACIDADE-TRANSPARÊNCIA – Os segredos cotidianos da vida pessoal, transferido para as práticas da vida funcional e política não podem mais ser exercidos. Todas informações são de fácil acesso, expostas e banalizadas pelas redes sociais. Tudo que se faz hoje é de interesso e acesso público. Todos sabem de tudo e isso torna a informação secreta e de origem suspeita uma arma contra os próprios portadores. Pessoas , empresas e governos são regidos por uma Sociedade do Cidadão Consumidor

PREDATORIEDADE-SUSTENTABILIDADE – Os recursos naturais e os mercados atingiram situações-limite. O consumismo e a destruição ambiental vem sendo barrados e altamente questionados, sendo substituídos por padrões de consumo fundados reciprocamente na responsabilidade social e na consciência.



CLASSE E SUPERCLASSE - as tradicionais formas de posicionamento e mobilidade social (castas, estamentos, classes) e posse do poder estão sendo alteradas radicalmente pelas formas alternativas de influência. As aristocracias do dinheiro e das armas – concentradas, por exemplo na ONU e no FMI se encontram e passam a ter mais influência nas reuniões informais dos fóruns temáticos internacionais. A discussão sobre o clima mundial em Davos reunindo empresários, artistas e cientistas no Fórum Econômico de Davos tem mais peso do que a reunião e votação de chefes políticos e militares do Conselho de Segurança da ONU. Uma superclasse com o poder de influenciar pessoas pelo carisma tem mais expressão social do que pelas ameaças de violência armada e extorsões do sistema financeiro.David Hotkopf, ex-assessor de Bill Clinton. Sua abordagem se concentra na mudança das esferas de poder, registrada em dois livros: Superclass, Global Power, já traduzido e publicado no Brasil; e Power Inc. (sem tradução). No primeiro ele identifica uma nova elite ou aristocracia carismática, cujo poder de influenciar pessoas vem superando a aristocracia da força bruta e do dinheiro, que reinou até o fim da Guerra Fria. Pessoas como o cantor Bono Vox, a atriz Jane Fonda e o escritor Paulo Coelho estão numa lista de 6 mil pessoas mais influentes do mundo, juntamente com o magnata do petróleo Carlos Slin, os donos do Google e estadistas como Lula e Barack Obama. Na lista há também traficantes de armas e terroristas, mostrando a neutralidade realista do estudo. Para ele, a ONU perdeu um pouco seu brilho e o centro da cidadania nacional de Nova York vem se deslocando para Davos, no Fórum Econômico Mundial. Davos é ponto de encontro de cidadãos globais. Já no livro Power Inc. Hotkopf traça um histórico das relações íntimas das mega corporações empresariais com os Estados, demonstrando que essa realidade tende a mudar muito nas próximas década com o advento da Era da Transparência Digital ou Era do Weakleaks. Nada mais é segredo, nada mais é privativo. Portanto, façamos sempre a coisa certa. Julgamentos do STF eram escondidos da opinião pública, como segredos de Estado. Hoje estão na mídia. Na Era das Redes Sociais as coisas estão mudando e as empresas também deverão se afinar no mesmo diapasão.



APRENDER - APRENDER A APRENDER - Diante desses novos cenários, as instituições sociais se acercam de novos atores sociais, de novos pensadores, novas mentalidades, novo perfil de investidores, clientes, gestores e funcionários. Aprender significava se apropriar do conhecimento como capital bancário e acumulativo (quantidade de informações). Agora importante e essencial é aprender como se aprende, pois não há mais necessidade de apropriar-se de algo que se desatualiza e se torna rapidamente obsoleto. A nova regra não é o diploma nem o monopólio ou exclusividade do exercício da profissão e d tecnologia acumulada. A nova lógica é a capacidade de adaptação às novas condições de trabalho, acesso ao conhecimento e criação de novas tecnologias. LIFE LONG LEARNING, é o novo paradigma.

As mudanças mais importantes em curso não estão ocorrendo somente no cenário externo da sociedade, mas principalmente no cenário mental das pessoas. O paradigma humano e planetário também mudou: São as pessoas que mudam o mundo e não somente o mundo que muda as pessoas.





EDUCAÇÃO E COMPORTAMENTO

Existe no meio educacional contemporâneo (formal e corporativo) uma tentativa de divórcio entre ensino e educação nas práticas docentes. É recorrente nos discursos escolares o falso conceito de que professor ensina e família educa, inclinando a pratica docente para a função técnica e didática sem os elementos comportamentais da aprendizagem. Essa tentativa de separar e fragmentar a apropriação do saber em práticas exclusivamente pelos processos de transmissão de informações sempre esbarra nos limites sócio-emocionais da aprendizagem, quase sempre rotulada de incapacidade ou inabilidade. Esta é uma abordagem seletiva e excludente por contempla somente uma minoria que assimila e que não tem dificuldades. Acontece que estes considerados mais capazes não precisam da intervenção pedagógica. Ensinar aluno inteligente e educado é fácil e na maioria das vezes desnecessário. Difícil e necessário é ensinar e educar o que não possuem habilidades, tornando-os capazes. Outra questão sobre esse divórcio de aprendizagem: e quem não tem família e, mesmo tendo, não pode contar com as pessoas que poderiam educá-las, mas não conseguem? Estão condenados a não aprender? A escola e os educadores não tem essa responsabilidade? Ou podemos fazer essa opção de escolhermos ser apenas “ensinadores” sem função educativa?

Essa introdução serve para lembrar que professores não são pais dos alunos, não são psicólogos, não são especialistas médicos, mas são especialistas humanos e comportamentais sim. Todas as licenciaturas acumulam cargas horárias que vão além das disciplinas específicas que somam , no mínimo, 700 horas teorias e práticas e especialidades humanas. O professor licenciado tem todas as condições de exercer as funções de transformador comportamental quando aplica os conhecimentos adquiridos nessa carga horária distribuídas em especialidades humanas e também fundamentadas na sua vivência humana, pessoal e social. Quando o professor diz que não é médico nem psicólogo para exercer tais funções está dizendo também que estes profissionais também não são educadores e não possuem a capacidade de convencer seus paciente a ter uma conduta compatível com o tratamento proposto. Isso significa que, em tese, o professor é também um terapeuta quando consegue reestruturar mentalmente (pensamento, ação e sentimento) um aluno e conduzi-lo à “cura” ou mudança comportamental que resulte na aprendizagem. Não há como negar que as escolas contemporâneas perderam ou nunca tiveram a capacidade de promover integralmente a aprendizagem porque fizeram essas divisão de funções. Mais ainda: dividiram e fragmentaram o conhecimento em especialidades, perdendo o conceito de totalidade e universalidade dos saberes. Mesmo essa tentativa de diálogo interdisciplinar e transdisciplinar não consegue os resultados de universalidade porque é superficial, revelando que, na verdade, nem deveria ter disciplinas específicas e sim compartilhamento de áreas de conhecimento. È um fenômeno que atingiu negativamente tanto o ensino básico como o superior.


PROFESSOR, EDUCADOR E TERAPEUTA

Nas suas práticas escolares o professor acumula naturalmente as funções de ensinar e educar, mesmo que ele não concorde e aceite que isso seja uma coisa real e concomitante. Não se trata de uma conclusão ideológica, uma crença, mas algo muito próximo da realidade docente. Nenhuma técnica pode ser transmitida quando não há vontade de aprender nem disposição de ensinar e educar. A educação é essencialmente intransitiva. Ninguém educa ninguém, pois existe uma resistência natural à mudança de comportamento. Quando não há resistência, provocada pela necessidade pessoal ou pelo interesse espontâneo, ocorre então a educação e isso pode ou não facilitar o ensino, dependendo da circunstância. Essa é a nossa ética e reflexão sobre ato de ensinar e educar. Não se trata de moral e valores.

Interessante como a nossa sociedade ainda resiste à terapia psicológica tanto quanto à educação escolar. Prefere medicalizar os problemas e adotar soluções químicas socialmente aceitas  a ter que mudar de comportamento e ainda suportar o preconceito de que o mau desempenho escolar e as dificuldades emocionais são fraquezas de caráter e defeitos psíquicos. A educação sócio-emocional em pauta nas bases curriculares tem esse papel de quebrar tabus e oferecer a oportunidade de reajuste diante dos desequilíbrios causados por uma sociedade doente. Hoje existem nas esquinas mais farmácias (drogarias) e lazer químico e gastronômico do que escolas e outros ambientes culturais saudáveis. As epidemias psíquicas (ansiedade pânico e depressão) caminham lado a lado das doenças causadas pelos excessos de consumo (obesidade, diabetes e cardiopatias). Sem esquecer , obviamente, dos suicídios.

Então, para concluir , não podemos aceitar o argumento de que professores não estão ou não foram preparados para lidar com problemas sócio-emocionais dos alunos. Todas as licenciaturas e bacharelados possuem em suas grades curriculares informações e práticas suficiente para formar e habilitar os docentes educadores e especializados em terapia e cura comportamental escolar.

Abaixo ilustramos a nossa fala sobre a competência dos professores em lidar cm questões socioemocionais  com a grade curricular de uma licenciatura em Química, cujas disciplinas Pedagógicas com 56 horas cada, mais 200 horas de atividades de extensão científica e culturais. É uma prova de que seus egressos são capacitados para tal função de ensino-aprendizagem, cuja aplicação em múltiplo processos e formatos não passam de terapia e cura dos distúrbios de ensino-aprendizagem. Óbvio também que não condenamos nem dispensamos a ajudas das ferramentas terapêuticas psiquiátricas e psicológicas quando há rupturas e descontrole psíquico.

Antropologia e sociologia da educação

Ética, Estética e Educação

Gestão Educacional

Educação Especial Inclusiva

Interdisciplinaridade

Psicologia da Educação

Filosofia da Educação

Educação Permanente

História da Educação

Atividades de Extensão científicas e culturais

No Brasil as profissões graduadas – bachareladas e licenciadas – são reguladas por lei em seu cenário de ação e regulamentadas pelos sistemas vigentes. A educação não é diferente da medicina, da psicologia, engenharia, direto ou  da contabilidade. Temos um lei constitucional de base e dela podemos extrair inúmeras possibilidades de ação (permissões) e não somente as limitações (proibições). Não há legalmente falando nenhuma sobreposição entre limites e possibilidades entre as áreas. Elas são e devem ser sempre uma complementações de saberes entre si. Essa é a regra para o exercício das profissões e a relação entre elas. Não há profissão inferior ou superior nas graduações, muitos menos importantes e desimportantes. Todas elas têm seu papel e sua função científica e social paritária. Por mais que surjam os conhecidos mecanismos politicos de manipulação para impor atos e procedimentos exclusivos no exercício profissional, o conhecimento sempre desafia e supera essas imposições. O único poder real e exclusivo das profissões é sua capacidade de manter-se atualizado e coerente nas suas práticas, afastando-se da obsolescência. Este é ponto fundamental para  entender e compreender o papel social do educador. Ninguém sabe tudo a ponto de impedir, por questões de interesse corporativo e institucional, que outros conhecimentos e experiências sejam validadas como legais e legítimas.

Os distúrbios e transtornos da aprendizagem  sempre levam o educador a pensar e agir em busca de soluções para as dificuldades do aluno, por si mesmo, investigando, diagnosticando e prognosticando. Dessa forma ele tenta, de todas as formas possíveis, desenvolver técnicas para corrigir as limitações e desenvolver as potencialidades do educando. Pode também buscar a ajuda de outros especialistas, caso perceba maior complexidade no tratamento do problema. É claro que não estamos nos referindo à exclusividade de especializações, como querem os segmentos corporativos, e sim a universalidade de saberes que caracterizam todas as áreas. Assim como os chamados especialistas podem pensar e intervir nas questões cognitivas e comportamentais, o professor também pode e deve proceder da mesma forma na sua atividade científica. O professor educador tem formação conceitual e procedimental para empreender, pela terapia educativa, a reestruturação mental do educando. Não é um simples leigo e reprodutor de conhecimento. Pode e deve pesquisar e produzir conhecimento científico a partir da sua própria experiência docente e isso lhe dá ampla autoridade e competência natural – e não apenas corporativamente certificada – para curar seus alunos doentes no desenvolvimento da aprendizagem. Que percebe e reúne os primeiros indícios dos distúrbios e transtornos da aprendizagem é o professor e dele depende outros especialistas para aprofundar outros diagnósticos e prognósticos. Muitas vezes ele já sabe que as limitações dificilmente serão ultrapassadas e reconhece que deve respeitar esses limites e aprender a conviver com eles. Se esse limite incomoda e desafia a sua atividade docente é até compreensível que busque outras especialidades, mas nunca deve deixar de reconhecer  que toda atividade e conhecimento tem limitações. O conhecimento e difusão das habilidades sócio-emocionais, construídas a partir da descoberta das inteligências múltiplas e das competências gerais, coloca essa questão da condição do educador reconhecidamente como cientista, naturalmente como ele é. Caso ele recuse essa função e responsabilidade, não deve ser admitido nos quadros do magistério e da gestão escolar só porque possui certificação formal de conhecimento que não realidade não possui e não pratica. Sempre que cobrado nessa postura, deve responder prontamente com suas habilidades intelectuais e principalmente vivenciais. Antigamente os professores usavam jalecos brancos, para se protegeram do pó de giz ou da sujeira das salas de aula, e isso lhe dava uma aparência solene de outros profissionais cujo saber impunha respeito e autoridade. Com a massificação do ensino industrial, proletarização e desvalorização da função docente, os profissionais de ensino recorreram à informalidade de postura e relaxamento da aparência como forma de sobrevivência. Houve também a quebra da exclusividade docente e o afrouxamento das regras trabalhistas, permitindo-se legalmente que qualquer pessoa com formação mediana e superior exercesse “em caráter precário” a função de professor. Foi assim que, diante das crises econômicas , os bacharéis de todas as áreas invadissem as escolas em busca de renda, sem serem enquadrados nas regras pedagógicas mínimas para o exercício dessa função.   O relaxamento também ocorreu na formação docente surgindo cursos de estrutura teórica precária, imitando e formato superior a antiga formação de magistério, mais preocupados com a certificação cartorial dos diplomas e menos focados no conhecimento. Não muito diferente da outras formações profissionais.

O advento de mudanças tecnológicas gerou um novo cenário de perturbações mentais e comportamentais na sociedade e consequentemente nas escolas. Hoje existe uma demanda de saúde mental nas escolas e que não pode ser atendida exclusivamente pelos profissionais de saúde. Médicos, psicólogos, assistentes sociais e advogados não podem fazer parte dos quadros escolares como função fixa e estrutural. Mesmo que aja uma aproximação por necessidade de soluções especializadas, o educador é sempre a figura profissional de destaque e excelência institucional mais indicado para exercer essa função na escolas. Futuramente essas profissões terão formação educativas para esse fim, assim como os educadores poderão ensinar e atuar em outros cenário fora do mundo escolar.  As escolas e seus currículos não devem ser construídos para atender demandas profissionais, dos professores e de outras áreas, e sim para atender as necessidades educativas dos alunos. É inaceitável, por exemplo, que os órgão de classe dos psicólogos e assistentes sociais exijam cargos nas escolas só porque esses segmentos não estão encontrando empregabilidade de funções no mercado de trabalho. Ridículo seria, nessa perspectiva, que professores abrissem consultórios, atuassem como agentes jurídicos ou de regularização social porque não encontram empregos nas escolas.  Se bem que as coisas estão mudando. Hoje na França existem aplicativos de petições  jurídicas que dispensam a presença de advogados para representar clientes nos tribunais. O mesmo poderá ocorrer em outras áreas.

 



MUDAR É A NOVA ORDEM

Bem vindo à todos. Os conteúdos aqui reunidos vem sendo aplicados em diversos ambientes de aprendizagem pelos quais passamos no ensino super...